segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ANÁLISE NEGATIVA

A existência de um relatório assinado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) declarando, formalmente, que as salas de cirurgia do Hospital São Lucas não têm condições de funcionar, mudou completamente a postura com a qual os pais da menina Bruna Paloma Monteiro Brasil, 5, encaravam a morte da criança. Se antes a parada cardíaca sofrida pela menina durante a cirurgia de retirada de amígdalas inflamadas era apenas uma fatalidade, após a expedição do documento ela passou a ser considerada a conseqüência de negligência médica.
O documento expedido pela FVS tem 12 páginas e ficou pronto durante o mês de agosto. Ele surgiu porque, após a morte de Bruna, uma tia distante fez uma denúncia à Fundação se queixando do ambiente que encontrou no Hospital São Lucas. Isso foi em 28 de julho. No dia seguinte, três técnicos da FVS estiveram no local realizando uma visita de inspeção.
No documento constam 24 irregularidades encontradas pelos técnicos. Entre as queixas relatadas estão a existência de fungos nos depósitos de sabonete onde os médicos lavam as mãos; a existência de um banheiro onde os funcionários do hospital trocam as roupas pelos jalecos e fazem suas necessidades fisiológicas . Foram encontrados, ainda, infiltrações e rachaduras nas paredes do São Lucas. Além disso, foi constatada a existência de sangue seco dentro da sala cirúrgica, nos plásticos das macas, em quinas de móveis e equipamentos hospitalares usados durante as cirurgias. Também foi provada a existência de fungos numa mesa de mármore onde se deposita itens hospitalares.
Em suas conclusões, os técnicos afirmaram que o Hospital São Lucas não tem condições de manter seu centro cirúrgico e lembraram que, ano passado, as mesmas irregularidades já haviam sido constatadas. Na ocasião, os responsáveis pela clínica se comprometiam em fazer as reformas e reparos necessários em até 180 dias, por isso a clínica manteve seu alvará de funcionamento.

Fonte: A Crítica

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