Além dos desafios normais do dia-a-dia, o Hospital João Lúcio enfrenta uma situação delicada em relação à demanda de pacientes que são deixados na unidade e esquecidos pelos familiares. São, geralmente, idosos, portadores de deficiência mental e pessoas que vivem nas ruas, abandonados - que fogem do perfil do doente atendido na unidade, destinada mais a casos de urgência e emergência. Muitos deles recebem alta médica, não têm para onde ir e acabam ocupando leitos que poderiam estar sendo usados por novos pacientes.
Atualmente, a unidade tem dois internados nesta situação. Uma senhora que foi levada para o hospital e outro senhor que está desde o mês de agosto, no leito 88, ambos vítimas de atropelamento. “Eles não falam e não temos como identificá-los”, admite a gerente de Urgência e Emergência do “João Lúcio”, Mercedes Gomes.
Segundo ela, essa é uma triste realidade. “Muitas vezes os familiares até trazem o parente, deixam aqui e ficam de retornar e não voltam mais. Às vezes, somos obrigados a ameaçar entrar com denúncias junto ao Ministério Público e ao Conselho de Defesa dos Idosos para que eles venham buscá-los”, afirma. Mercedes lembra que os pacientes, em sua maioria, são seqüelados de acidentes cardiovasculares (AVCs) ou portadores de patologias que os deixam fragilizados, a exemplo do diabetes.
Os pacientes psiquiátricos que são encaminhados para o “João Lúcio” também geram dificuldades. “Muitos vêm para cá com um quadro clínico e depois entram em surto porque têm que continuar o tratamento psiquiátrico, que não é nossa especialidade”, explica.
Há também os casos de alcoólatras abandonados pela família ao se encontrarem em crises de abstinência. Mercedes afirma que os parentes que tenham familiares perdidos devem procurar as unidades de atendimento de urgência adulto e infantil porque, em caso de sofrerem qualquer trauma nas ruas, certamente são levados para esses locais.
Fonte: A Crítica
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
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